Entre aspas: Friendzone, um lugar que não existe


Volta e meia aparece alguém nas redes sociais reclamando da tal de friendzone.

Meninos, geralmente.  Meninos não: homens.

Friendzone, o lugar onde as cruéis garotas colocam os rapazes que foram legais com elas e que achavam que, sendo legais, conseguiriam sexo. Ou amor. Ou ambos.

Gente, deixa eu falar uma coisa pra vocês: ninguém escolhe de quem gosta. Ninguém escolhe de quem fica a fim (e eu, particularmente, acho que “afim” tinha que ser junto, só queria fazer esse pequeno manifesto). Acontece. Bate. Ploft. É um conjunto de fatores diferentes para cada pessoa. Química. Tesão. Admiração. Um monte de coisas. E, como estamos carecas de saber, nem sempre é recíproco. Não é porque você acha a mina um tesão e deseja possuir seu corpo que ela vai te querer, desculpe. E ela também não escolheu outro porque você foi “legal demais”. Não existe isso de legal demais. É uma babaquice tremenda achar que mulher gosta de ser maltratada. Não gosta. Ninguém gosta. Nem mulheres, nem homens, nem cangurus, nem gatinhos, nem sapos, nem ninguém. As pessoas podem ter problemas sérios de carência e querer ficar com alguém por isso, mas certamente não é porque estão sendo maltratadas. Pode ser que ela se sinta culpada por algo. Pode ser que ela seja apenas cega e queira porque queira porque queria porque sim ficar com essa pessoa. Amores doentios acontecem com mais frequência do que imaginamos.

Assim como acontece da pessoa que você quer só te achar massa e não te querer.

Acontece.

Acontece todos os dias.

Já aconteceu com todo mundo.

E não há culpados.

Não rolou.

Você quis, ela não.

Paciência.

Acontece.

Quantas, quantas vezes eu já não passei por isso? Perdi as contas.

Eu queria, o cara só me achava legal. Não rolou, ficamos amigos.

Alguém me vê choramingando por isso?

Oquei, talvez eu tenha choramingado um pouco, porque dói, né? Rejeição dói. Mas acontece. A gente aprende a lidar.

Ela gosta de você como amigo. Tem alguma coisa em você que ela gosta, afinal. Só que ficar esperando que isso evolua para algo mais é simplesmente errado. Faz mal pra você, meu caro, viver de migalhas de esperança, e a culpa não é dela se essa for a sua escolha. Se você não quer ser amigo, ora, vou dar uma idéia maluca e selvagem: se afaste. Se o que você queria era amor, ou sexo, ou colinho, ou qualquer coisa dessa natureza e não rolou, e era só isso que você queria, do que é que você está reclamando?

Não quer ser amigo? Não tem assunto com ela? Ela só reclama de outros homens?

Afaste-se.

Cure-se da paixonite.

Você não vai ser o cara do filme que estava “o tempo todo lá” e ela só percebeu no fim. Isso aqui é a vida real. Pode acontecer de amizade evoluir pra algo mais. Pode acontecer de amigos se pegarem. Pode acontecer todo o tipo de coisa. Mas ficar ao lado de alguém que não corresponde às suas expectativas só vai te causar danos.

Então, meninos, por favor, vamos amadurecer um pouquinho, só um pouquinho, e parar de reclamar?

Isso tudo vale pra meninas que foram contaminadas com esse papinho também.

Chega, gente.

Vamos aprender a viver.

Um grande beijo, Tia Clara.


Sobre a autora:


Clara Averbuck, nascida em Porto Alegre em 26 de maio de 1979, escreve para revistas, jornais, internet e é autora de cinco livros. Para ler mais textos da autora acesse o blog.


Quer ter seu texto divulgado na tag "Entre Aspas"? Deixe seu link nos comentários e nós divulgaremos os melhores trabalhos.


5 comentários:

  1. Eu não conhecia essa autora, mas vou já procurar mais textos dela, super adorei, ela foi realista e mesmo sendo um texto grande, não teve enrolação, deu o seu recado e nem deu pra perceber quantas linhas eram. Quando o texto é bom, é assim mesmo, não dá preguiça. - Quantas, quantas vezes eu já não passei por isso? Perdi as contas. - Pois é, eu também, como a Clara disse, quis um cara que só me achava legal. Também não rolou e ficamos amigos, somos amigos até hoje. Também já aconteceu de precisar me afastar de um outro menino, e isso não foi tão legal assim, senti falta, tive recaídas, vontade de ligar e saber como o meu "amigo que eu queria que fosse namorado" tava, essas coisas... E dps de um tempo, consegui esquecer, mas, paguei um preço, nós nos distanciamos demais, e é estranho ver essa pessoa como apenas mais uma pessoa desconhecida, as vezes a gente sente saudades dos bons momentos (embora isso não signifique querer voltar a viver tudo de novo). Por último, depois de tantos amores não correspondidos, FELIZMENTE, aconteceu do cara do filme que estava “o tempo todo lá”, na minha vida, dando uma de amigo, mas sempre, esperando com toda paciência que eu me tocasse, é, o cara que eu deixava de lado enquanto me preocupava em ser a garota que estava o tempo todo lá, de outras pessoas, SER reparado e levado a sério por mim. Ainda bem que foi bem antes do fim e que ainda estava em tempo de correr atrás do prejuízo!!! Ainda bem que ele não desistiu, nem se afastou!
    http://sentirodrama.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sua vida é um romance daqueles de filme! Ainda bem que pra você deu tempo!
      Beijinhos :*

      Excluir
  2. Adoreeei o texto da Clara! É realmente fogo gostar de alguém e esta pessoa não gostar de você. Dói muito, mas temos que aprender a superar a dor. A ignorá-la. É difícil? Sim, mas uma hora a gente consegue.
    Também não curto essa coisa de friendzone, mas acho que está na moda falar que uma pessoa ficou na friendzone. asuhasuhasuh
    Beijinhos!

    http://www.livrinhoseeu.com/

    ResponderExcluir
  3. Obrigada, querida! Pode deixar que darei uma passadinha por lá.
    Beijos :*

    ResponderExcluir